Equipe da Tumpex sensibiliza moradores de Manaus para evitar acidentes com garis
Na rotina agitada para recolher o lixo da capital, percorrendo quilômetros todos os dias, garis são surpreendidos com perigos que se escondem em inocentes sacos plásticos. Com frequência, ocorrem furadas com agulhas ou cortes com latas e vidros acondicionados de forma errada.
Quando um fato desses acontece, a equipe de Educação Ambiental da Tumpex é acionada para fazer uma campanha de sensibilização na rua, no condomínio, em empresas. A coordenadora do grupo, Priscila Pontes, relata que eles tentam, ao máximo, chegar até os moradores que fizeram o descarte inapropriado para alertá-los. “Num conjunto habitacional, um gari furou as mãos com agulhas que estavam numa sacola plástica. Com a ajuda do síndico, chegamos até o apartamento da senhora que, por ser diabética, utiliza muitas agulhas. Após contarmos sobre o acidente, ela se desculpou e aceitou a orientação para passar a guardar as agulhas para descarte dentro de garrafas pets. Não tivemos mais incidentes na área”, afirmou Priscila.
A equipe é composta por 12 funcionários e 24 menores aprendizes que atuam de segunda a sábado, em dois turnos. Eles percorrem as zonas Norte, Centro-Oeste e Oeste de Manaus, áreas de atuação da empresa na capital, conversando com as pessoas sobre a importância do descarte correto, dando dicas e mostrando, na prática, como fazer. O apoio dado pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), tem sido fundamental para resolver problemas que parecem ser crônicos.
O bairro de Santa Etelvina, por exemplo, onde vivem mais de 36 mil moradores, deu um grande salto na redução de lixo nas ruas, segundo levantamento da Tumpex. “Há cerca de sete anos, com apoio de fiscais de postura do município, conseguimos acabar com oito lixeiras viciadas. A sujeira nas ruas do Santa Etelvina desapareceu. Com a pandemia, muitos relaxaram e voltaram a jogar o lixo em locais sem qualquer infraestrutura para isso. Nesses pontos, estamos fazendo o trabalho de formiguinha. Visitamos e procuramos sensibilizar. Eles são conscientes de que jogar lixo é errado. Mas precisam se sensibilizar para poder mudar. Às vezes, uma dica simples ajuda. Quem diz, por exemplo, que não tem lixeira em casa, sugerimos colocar um cabo de vassoura preso na grade ou no portão e nele perdurar o lixo no horário da coleta”, explica Priscila Pontes.
Na última quinta-feira (02/05), a equipe percorreu a praia da Ponta Negra para orientar os banhistas a não deixarem lixo na areia ou no rio. Jefferson Medeiros, que é Gestor Ambiental e passava o dia de folga com a esposa, duas filhas e a sogra, elogiou a iniciativa e disse que segue as orientações no dia a dia, mesmo recebendo críticas.
“Ontem, vim à praia com a minha mãe. Nas duas mesas ao lado da nossa, os homens foram embora e deixaram copos descartáveis, latas e sacos de salgadinhos. Peguei uma sacola, juntei tudo e joguei na lixeira. Minha mãe reclamou que esse não era meu trabalho. Mas não posso deixar sujo o local que frequento. O lixo de hoje, eu já estou guardando. Vou levar para casa, separar e dar o descarte correto”, explicou.
Quando perguntado se as filhas faziam o mesmo, ele retrucou rápido: “Elas sabem o que fazer e ai delas que eu veja o lixo por ai”, disse, sorrindo, Jefferson Medeiros, enquanto guardava uma garrafa vazia de refrigerante.
Atendimento para os feridos
Os garis que se machucam com objetos perfuro-cortantes, acompanhados do fiscal da empresa, são encaminhados para atendimento na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado. No centro de saúde, eles tomam medicação, fazem exames e são monitorados durante seis meses seguidos. A médica da empresa avalia com frequência o estado físico dos trabalhadores para propor tratamentos adicionais ou recomendar o afastamento da atividade laboral, se for caso.
“Os acidentes com material perfuro-cortantes representam 80% dos casos que ocorrem com os funcionários no exercício de suas funções nas ruas de Manaus. O descarte incorreto de espetos de churrasco tanto por moradores quanto por banquinhas de rua também trazem sérios riscos para a saúde do trabalhador. O restante está relacionado a quedas, principalmente, decorrentes de ataques de animais que estão soltos nas ruas”, explicou a engenheira de Segurança do Trabalho, Evelyn Jemima Silva de Queiroz, chefe do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmet).