O diagnóstico precoce do câncer pode evitar a circuncisão e/ou a penectomia – retirada parcial ou total – do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem. O câncer de pênis é causado pelo Papilomavírus Humano (HPV) de alto risco associado a outros fatores, como a fimose e a não higienização adequada, explica o urologista da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Giuseppe Figliuolo.
A população mais propensa a desenvolver esse tipo de doença é de homens com 50 anos ou mais. No Brasil, o câncer de pênis é mais comum nas regiões Norte e Nordeste, representando 2% de todos os tipos de câncer que atingem os homens, segundo o Ministério da Saúde (MS).
Na FCecon, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), são registrados em média 15 casos de câncer de pênis ao ano. Em 2017 e 2018, foram registrados, respectivamente, 8 e 13 casos. No Amazonas, a doença atinge principalmente homens entre 21 a 55 anos, devido à falta de informação e higiene.
Conforme o médico urologista, normalmente, as pessoas relacionam HPV apenas ao câncer de colo de útero. Todavia, esse vírus também causa o de pênis, ânus, vagina, vulva, orofaringe e boca. Ele alerta que o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a evolução do tumor.
“O HPV oncogênico associado à fimose e não higienização (acúmulo de esmegma/secreção na glande do pênis) pode levar ao desenvolvimento de lesões precursoras e, quando não tratadas em tempo hábil, ao aparecimento da doença. Dependendo da evolução do câncer, são indicadas a circuncisão – uma cirurgia menor – e a penectomia, sendo essa mais invasiva e traumática para o homem”, alerta Figliuolo.
Atividade sexual – O médico urologista frisa que é possível preservar o coto peniano, quando o câncer é diagnosticado na fase inicial e, assim, o homem consegue manter a atividade sexual. Ele diz que, nos casos avançados, com o comprometimento do pênis, é feita a amputação. “Hoje, entretanto, a maioria das cirurgias consegue preservar a haste peniana e a vida sexual do paciente”, pontua.
Pesquisas – A pesquisadora da FCecon, farmacêutica-bioquímica Valquíria Martins, pontua que atualmente na unidade hospitalar há cinco estudos sobre câncer de pênis, os quais visam compreender e propor soluções para o diagnóstico, prevenção e tratamento da doença no Amazonas. Ela diz que alguns desses trabalhos também tratam sobre a qualidade de vida de pacientes que passaram pela circuncisão ou penectomia.
“São pesquisas desenvolvidas tanto por pesquisadores vinculados à Diretoria de Ensino e Pesquisa quanto por outros setores, por exemplo, o de Psicologia, que trabalha na qualidade de vida e tratamento do paciente que teve o pênis amputado. O conhecimento acumulado dessas pesquisas pode ter grande impacto no delineamento de estratégias na prevenção e tratamento desta neoplasia”, pontua Martins.
Sintomas – São sinais de alerta: tumoração na glande (cabeça do pênis), na pele que encobre a glande, no corpo do pênis, secreção branca constante e aumento anormal do tecido da glande. Ao observar esses sintomas, o homem deve procurar avaliação de um médico urologista.
Diagnóstico – É feito através de análise clínica e biópsia – retirada de fragmento para análise patológica –, que determinará o tipo de câncer a ser tratado.
Tipos de câncer – Além do carcinoma de células escamosas, há outros tipos de câncer de pênis, como o melanoma (mais associado à pele – prepúcio) e o carcinoma basocelular (também de pele, mas de crescimento mais lento, que geralmente não se dissemina para outras partes do corpo).
FOTOS: Luís Mansueto (Valquíria Martins) e Divulgação (Giuseppe Figliuolo)
LEGENDAS SUGERIDAS
Foto 1: Martins pontua que pesquisas na FCecon trabalham qualidade de vida e o tratamento do paciente que teve o pênis amputado
Foto 2: Médico da FCecon, Giuseppe Figliuolo, durante cirurgia urológica
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SONORAS: Valquíria Martins, pesquisadora da FCecon, farmacêutica-bioquímica; e Giuseppe Figliuolo, médico urologista da FCecon