Longa-metragem com direção de Jimmy Christian destaca cultura indígena e a força do cinema amazônico contemporâneo
Um longa que provoca, inquieta e emociona. Assim é MAWÉ, produção amazônica de terror psicológico com estreia marcada para o dia 28 de maio, às 20h, no Teatro Amazonas, um dos palcos mais emblemáticos da arte brasileira. O filme marca a produção amazônica dirigida por Jimmy Christian e é uma das grandes apostas do cinema regional para o cenário nacional, num momento em que o cinema brasileiro ganha novo fôlego e o terror psicológico vive uma ascensão criativa e comercial.
A estreia de Mawé será no histórico Teatro Amazonas, marco arquitetônico e cultural do país, símbolo de resistência artística e da potência criativa da Amazônia. A sessão especial contará com presença de elenco, equipe, imprensa, influenciadores, realizadores e público geral. A entrada será gratuita. Quem tiver interesse em assistir a estreia, pode enviar o nome completo e telefone de contato para o e-mail maweofilme@gmail.com.
Gravado em formato digital 4K (21:9), com locações reais na região metropolitana de Manaus e na comunidade indígena Saterê Sahu-Ape (Iranduba-AM). E é uma obra densa que funde o drama, o suspense e o terror com discussões contemporâneas como o êxodo indígena, o racismo estrutural, a marginalização social e a crise de identidade cultural.
Terror psicológico com identidade amazônica
No centro da narrativa está Mawé, jovem indígena da etnia Saterê-Mawé que, ao recusar um ritual tradicional de sua cultura, sofre rejeição familiar e comunitária e foge para a capital, mergulhando numa realidade marcada pela solidão, pobreza e preconceito. Ao longo da história, o personagem vivencia um processo psicológico de corrosão emocional, que se intensifica com o surgimento de uma paixão obsessiva por Luciana Sarkys, estudante de artes e modelo fotográfica.
Com forte carga simbólica e estética que dialoga com o expressionismo contemporâneo, o filme flerta com o horror visceral, sem recorrer a clichês ou soluções fáceis. Em vez disso, aposta numa imersão emocional e sensorial, explorando a fragilidade humana, a violência silenciosa do cotidiano urbano e a angústia de existir fora do seu lugar de origem.
“Mawé não é um filme de monstro ou sustos fáceis. O terror aqui é interno, é cultural, é social. Ele nasce da dor do deslocamento e da rejeição”, afirma o diretor Jimmy Christian.
Representatividade
A obra tem como marca o protagonismo de vozes que historicamente foram invisibilizadas no audiovisual brasileiro. O elenco e equipe técnica são formados majoritariamente por não-atores, indígenas, mulheres, pessoas LGBTQIA+ e profissionais da periferia. A proposta é refletir não apenas na tela, mas também nos bastidores, um cinema plural, decolonial e inclusivo.
Na primeira fase do longa, o espectador é apresentado aos rituais ancestrais dos Saterê-Mawé, com destaque para a cerimônia da tucandeira — onde homens devem suportar ferroadas de formigas gigantes como rito de passagem. A recusa de Mawé desencadeia sua saída da floresta rumo à selva urbana de Manaus. O choque entre os dois mundos é violento e revelador. Mawé conhece Timoty, um excêntrico fotógrafo de acidentes, e inicia sua adaptação a um mundo para o qual não foi preparado.
Na fase adulta, interpretado por Afrânio Pires, Mawé é tatuador e vive num submundo de contradições. A paixão por Luciana, vivida por Alice Toledo, o leva a extremos emocionais. O sentimento de “suplício de Tântalo”, em que o desejo está ao alcance, mas nunca é realizado, serve de base simbólica para o enredo, inspirado também no romance O Colecionador, de John Fowles.
O roteiro original foi escrito em 2013, ainda durante a passagem de Jimmy Christian por um curso de cinema em Brasília. Em 2016, a produção teve início de forma independente, mas foi interrompida por falta de recursos. Foi somente em 2021 que o filme ganhou novo fôlego ao ser contemplado pelo Prêmio Feliciano Lana (Lei Aldir Blanc). Em 2022, o projeto foi novamente reconhecido via Lei Paulo Gustavo, na categoria de Distribuição, possibilitando a conclusão da pós-produção, com ênfase na colorização, tratamento de som e montagem.
FICHA TÉCNICA
Produção, Direção e Roteiro – Jimmy Christian
Assistente de direção – André Cunha
Assistente de Produção – Max Rodrigues
Som Direto – Reldson de Paula
Trilha Sonora Original – Marcos Terra-Nova
Direção de Fotografia – Orlando Jr.
Direção de Arte – Villy Gouveia
Montagem – Fernando Crispim
Finalização – Kuênaka
Figurino – Paulo Oberdan
Elenco principal – Bruno F. Castro, Afrânio Pires, Alice Toledo
Assessoria de Imprensa: Renata Paula