Intensificação de políticas tarifárias é o início da desglobalização, afirma consultor de empresas

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As recentes medidas tarifárias anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm provocado uma reconfiguração nas relações comerciais globais. Com a imposição de uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações, incluindo produtos brasileiros, e tarifas adicionais de até 145% sobre produtos chineses, o país sinaliza uma guinada em direção ao protecionismo econômico. ​

Segundo análise de Marx Gabriel, CEO da MB Consultoria e consultor de empresas, essas ações refletem o início de um novo ciclo histórico, que deve ser marcado pela desglobalização.

“Estamos presenciando a ascensão de um modelo em que os Estados Unidos retomam o protagonismo, buscando autossuficiência e reindustrialização, em resposta às fragilidades expostas pelas cadeias produtivas globais”, afirma.​

Recentemente, o governo americano suspendeu temporariamente a imposição das tarifas mais altas para a maioria dos países, exceto a China, concedendo um prazo de 90 dias para negociações bilaterais. Essa estratégia visa pressionar parceiros comerciais a revisar acordos existentes, alinhando-os aos interesses americanos. ​

Para o Brasil, a tarifa de 10% sobre suas exportações representa um desafio significativo, especialmente para setores como o agronegócio e a indústria de transformação. Marx Gabriel alerta para a necessidade de o país diversificar seus mercados e fortalecer sua base industrial interna, a fim de mitigar os impactos dessas políticas protecionistas.​

O cenário atual evidencia uma transição na ordem econômica global, com possíveis implicações para o comércio internacional, investimentos e políticas industriais. “O que ocorre agora não é uma ‘briga de Trump contra o livre-mercado’, como vejo nove entre dez analistas políticos afirmarem. A curto prazo, é claro que Trump, ao ‘colocar o bode na sala’, forçar os demais atores globais a sentarem à mesa com os EUA — não apenas para discutir tarifas, mas para redefinir as regras do jogo, especialmente no que diz respeito ao dólar como lastro das reservas internacionais”, explica Marx.

Segundo Marx, Trump tem trabalhado para que os Estados Unidos assumam o protagonismo da economia mundial com o movimento da reindustrialização, da priorização do ambiente doméstico, de recuperação das cadeias produtivas locais, e de resgate de valores culturais e políticos próprios e rompendo o padrão que está vigente.

Quanto aos resultados do novo modelo, principalmente para o Amazonas, Marx ressalta que ainda é cedo para afirmar se terá sucesso. O consultor não considera negativo o fortalecimento dos Estados Unidos.

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Redação
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