Você sabia que a maior montanha do Brasil está no Amazonas? Sim, o majestoso Pico da Neblina, ou Yaripo (Montanha dos Ventos), como é chamado pelos Yanomamis, atinge 2.995 metros e é um símbolo de desafios, beleza e cultura.
Localizado no coração da Amazônia – dentro do Parque Nacional Pico da Neblina e Terra Indígena Yanomami, no município de Santa Isabel do Rio Negro -, o Yaripo é muito mais do que uma paisagem deslumbrante, é uma verdadeira jornada de superação.
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A recente expedição ao Yaripo, organizada e financiada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Núcleo de Gestão Integrada (ICMBio – NGI) Pico da Neblina -, reuniu pesquisadores e cientistas, entre eles o geólogo Gilmar Honorato, do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Ele compartilhou histórias e momentos marcantes dessa missão. “Foi uma trilha difícil, com trechos de rochas, raízes, lama e frio intenso, mas também cheia de aprendizados e reconexões”, contou.
Desafios e superação
A expedição de 11 dias, sendo nove dias de trilha, começou com deslocamento por rios e estradas de terra, pernoite na comunidade indígena Maturacá, onde ocorreu ainda o benzimento pelos Patapë (anciões Yanomamis), até finalmente alcançar o início da trilha na foz do igarapé Tucano.
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Daí em diante, o grupo enfrentou mudanças drásticas de clima — calor sufocante e umidade extrema nos primeiros dias, e temperaturas abaixo de 10ºC durante as madrugadas nas partes mais elevadas. “Carregar um mochilão de 12-15 kg, enquanto a chuva não dava trégua foi desafiador, mas cada passo valia a pena”, lembrou Honorato.
Além das dificuldades, a viagem revelou curiosidades fascinantes: a região abriga quatro das vinte maiores montanhas do Brasil, incluindo o Pico Phelps (31 de Março), Pico da Cadorna e o MF BVBB/4. E, apesar da constante neblina que dá nome ao local, o grupo pôde contemplar o horizonte nas poucas horas de abertura – entre 7h e 9h e entre 17h e 19h.
Contato com povos originários
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Mas a aventura não foi apenas sobre paisagens e esforço físico. O contato com os Yanomamis foi um dos pontos altos da missão. Os indígenas, que guiaram a equipe desde o porto de Yá Mirim, foram fundamentais para o sucesso da expedição. “Nossa equipe tinha 17 Yanomamis como guias, carregadores e cozinheiras. Sem eles, nada disso seria possível”, ressaltou o geólogo, que já conhece a comunidade desde 2014.
Relevância científica
A missão teve também um importante papel científico. Amostras de rochas foram coletadas para análise em laboratório, com o objetivo de desvendar a idade de formação das montanhas e enriquecer o escasso conhecimento geológico sobre a região.
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Além disso, os pesquisadores identificaram riscos geológicos, como um grande deslizamento recente na Serra do Baruri, que causou perdas significativas para uma comunidade próxima.
No fim das contas, o Pico da Neblina é mais do que um desafio físico ou um destino turístico. É um lugar onde a ciência se encontra com a cultura, onde cada passo é uma conexão mais profunda com a natureza e com as pessoas que ali vivem.
“Voltei cansado, mas grato. Essa montanha tem o poder de unir pessoas e nos lembrar do quanto somos pequenos diante da grandiosidade da natureza”, concluiu Honorato.
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