Lourenço Braga, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas
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Olá, no próximo dia 25 será aniversário de Deus. Todos os que Nele cremos estamos convidados a fazer uma grande festa, celebrando em nossos espíritos e em nossos corações, sinal de agradecimento e de louvor, todas as graças que nos tem concedido na caminhada que empreendemos neste plano da vida. Não falte, pois é o que Ele de nós espera.
Aniversário de Deus, sim, que se fez homem para ensinar à Humanidade os caminhos da fraternidade, da simplicidade, do amor ao próximo, da solidariedade, da luz e da paz, mesmo sabendo desde sempre que nem todos compreenderiam a importância de cada mandamento, convicto de que permaneceriam as guerras, as vaidades, os ódios, as lutas desmesuradas pelo poder, mas certo de que plantaria em muitos a convicção do bom e do justo.
Foi longo seu Plano da Salvação. Muitos os escolhidos para comunicar o futuro, profetizando o que lhes era permitido dizer, até vir João Batista, trazido ao mundo por Isabel, já considerada infértil em razão da idade, com a missão de preparar o caminho de Jesus nos ensinamentos que haveria de transmitir. E tudo se dava como planejado e no tempo de Deus.
Enfim, chegou a hora de Gabriel, anjo precursor, visitar humilde jovem de Nazaré, prometida em casamento, para comunicar-lhe que, por obra milagrosa do divino Espírito Santo, transformar-se-ia em mãe do menino a quem chamaria de Jesus, que aqui seria o rei dos reis e que seu reino não teria fim. Maria, a virgem escolhida pela Divindade, certamente entre feliz e assustada, encantada e tomada de emoção forte, limitou-se a balbuciar, não sem convicção, a concordância que mudaria os destinos do mundo: “faça-se em mim segundo a tua palavra”. Nenhum “sim” terá tido importância semelhante na história humana.
José, o noivo, não conseguia compreender o que lhe narrava Maria, mas sua boa índole o impedia de a desprezar. E debatia-se, então, intimamente, em forte sofrimento, até que o anjo Gabriel voltou para finalizar a missão e a ele lhe disse, em sonho, que confiasse em sua noiva, pois que haviam ambos sido escolhidos por Deus para cumprirem o privilégio extremado da paternidade anunciada.
Rei, o maior dentre todos, era de se imaginar que o Menino deveria nascer em rico castelo, coberto de ouro o berço em que dormisse, talvez até diamantes ornando o tacho onde fosse ser banhado, cercado de atenções e de mimos de muitas criadas, possivelmente com uma delas escolhida para amamentá-lo. Afinal, era assim que se dava com os príncipes, futuros herdeiros dos reinos em que nasciam. E haveria trombetas anunciando para todos os súditos a honrosa chegada ao mundo de mais um nobre integrante legítimo da Corte.
Nada disso! Jesus nasceu em um estábulo, ao lado de animais que ali descansavam e se alimentavam, e seu berço foi uma modestíssima manjedoura. Nenhuma ostentação, nem ouro, nem prata ou diamante, nem lençóis do melhor linho ou toalhas de fios dourados, nem mucama para o amamentar. De nada necessitava, que a luz e o brilho estavam Nele próprio.
Eis o aniversário de nascimento que o mundo cristão festeja no 25 de dezembro. Tomemo-nos todos de alegria e entoemos no mais íntimo de nós, mesmo mudos, hinos de glória ao Pai por nos haver concedido a presença do Filho entre nós, mortais e pecadores, todos por Ele igualmente amados independentemente de cor, raça, origem ou preferência de qualquer espécie ou natureza.
Há mais luzes nas cidades, muitas que se embelezam com ornamentos reluzentes lembrando estrelas, anjos, trombetas, construindo ambiente de festa que contagia, que emociona, que encanta e que, de alguma maneira, une pessoas em torno da espera do dia santificado. Assim também se dá em muitas casas, com árvores de galhos verdes ou cobertos de algodão, lembrando o frio da época em alguns lugares do mundo invernoso, com bolas coloridas ou outros enfeites e muitas luzes, piscantes ou não, cintilantes, irradiando alegria. Infelizmente, nem todos podem construir essa magia, até por nem casa possuírem, morando sob pontes ou viadutos, enfrentando o frio cimento das calçadas, mas creio que, por obra superior, também neles, homens, mulheres e crianças, faz-se, bem fundo, a beleza do encantamento.
O mundo capitalista contemporâneo desenvolveu o hábito de comemorar o Natal com presentes materiais, ricos alguns, outros nem tanto, o que é de amplo agrado do comércio e que contribui para diminuir o desemprego, justo pelo aumento das vendas que daí decorre, terminando por fazer menor o número dos que ficariam à margem dos festejos por falta de recursos. E há o “amigo oculto”, a troca de lembranças e de mimos entre colegas, amigos, o que também se dá no âmbito das famílias, tudo normalmente em clima de alegria intensa. Há os que são contrários a essa pratica, mas os que a defendem dizem tratar-se de eloquente demonstração de contentamento pela efeméride.
Também há, com críticas semelhantes, a tradição do “papai Noel”, figura emblemática convenientemente explorada por casas comerciais e, ao mesmo tempo, responsável por belo sonho infantil, esperado por todo o ano. Os que a criticam falam de plantar desde cedo na criança o hábito da mentira, enquanto os que a praticam repetem sonhos que sonharam quando deixavam sob a cama, ou a rede, como se dava comigo, o sapato ou o chinelo onde o “bom velhinho” deveria depositar o presente pedido em carta cuidadosa e carinhosamente elaborada. De mim para mim, sem pretender suscitar polêmica ou desrespeitar opiniões, tenho que se trata de contribuir para uma magia que se justificará a si mesma quando descoberta como forma de manifestação de amor.
Não faz muito e todos nos vimos ameaçados por mortífera pandemia, que nos obrigou a permanecer reclusos em nossas próprias casas, sobretudo crianças e idosos, o que terminou por nos conduzir a um congraçamento natalino diverso de toda a tradição, com o uso de instrumentos tecnológicos que permitiram abraços virtuais e incentivaram orações repetidas à distância. Isso me faz pensar naqueles que, no Natal que está chegando, viverão experiência igual por estarem guardando leito em algum hospital, nos que habitam asilos ou casas de repouso, esquecidos mesmo que tenham sido Noel em algum tempo, ou, ainda, aqueles que, em pagamento de débitos com a sociedade, estão recolhidos a presídios das pequenas ou das grandes cidades. Presenteá-los, a uns e a outros, será pedir ao Menino, em oração fervorosa, que os abençoe e lhes permita sentir, da forma que couber, a magia da Jesus.
Que o Amor verdadeiro se faça em cada um, por todos, e que Deus nos permita a paz!
FELIZ NATAL !