Uma a cada 10 mulheres sofre com os sintomas de endometriose, segundo o Ministério da Saúde, mas nem todas têm conhecimento sobre a condição e suas consequências. A endometriose ocorre quando o tecido especializado que reveste a parte interna do útero, o endométrio, começa a aparecer em outras regiões do corpo, principalmente na região pélvica, como bexiga, rins e ovários.
“Esta doença é definida como a implantação de estroma e/ou epitélio glandular endometrial em localização extrauterina, podendo comprometer diversos locais, entre eles ovários, peritônio, ligamentos uterossacros, região retrocervical, septo retovaginal, retossigmoide, íleo terminal, apêndice, bexiga e ureteres”, explicou a ginecologista da Audimed Saúde, Camila Nóvoa.
Segundo a especialista, a suspeita para o diagnóstico da endometriose se inicia com o quadro clínico da paciente. As queixas mais frequentes de mulheres com endometriose são dismenorréia, dispareunia de profundidade e dor pélvica acíclica ou crônica, além de infertilidade, alterações urinárias e intestinais cíclicas, ou seja, disúria, hematúria, dor à evacuação e sangramento nas fezes durante o fluxo menstrual.
“O objetivo do tratamento clínico é promover alívio da dor provocada pela endometriose, além de tentar prevenir ou retardar a progressão da doença. Devido à sua característica de doença crônica, faz-se necessário tratamento de longa duração para obter controle dos sintomas e evitar múltiplas cirurgias. Há dificuldade na uniformização do tratamento e, portanto, este deverá ser individualizado de acordo com os sintomas referidos, o desejo ou não de engravidar e a tolerância aos efeitos adversos apresentados pelas opções medicamentosas”, destaca.
A endometriose é uma doença complexa que necessita de tratamento multidisciplinar. Atualmente, a utilização de terapias complementares pode ser muito útil, confirma indica a ginecologista como:
• Prática de exercícios físicos: é benéfica para a saúde de um modo geral, além da liberação de endorfinas que pode ser benéfica para o alivio da dor.
• Fisioterapia e acupuntura: são úteis tanto no alívio da dor, quando na correção de posturas viciosas.
• Psicologia: tanto a dor quanto a infertilidade podem ser bastante desgastante para as mulheres, principalmente em quadros clínicos prolongados. Assim, o acompanhamento por estes profissionais pode ser bastante benéfico.
• Nutrição: A ingestão de fibras pode aumentar a excreção de estrogênio e poderia, desta forma, desempenhar um papel inverso no risco de endometriose, assim como a redução na ingestão de gorduras também poderia diminuir os níveis séricos de estrogênio. Dietas vegetarianas poderiam,supostamente, aumentar os níveis séricos de ligantes e proteínas carreadoras de hormônios sexuais, diminuindo, desta forma, a concentração disponível de estrogênio.
“Foi proposto que os ácidos graxos omega 3 e 6, magnésio e vitaminas do complexo B podem melhorar os sintomas álgicos relacionados com a endometriose, modulando a biossíntese e a atividade bioquímica de prostaglandinas relacionadas à dor pélvica”, finaliza a ginecologista.