Primeiros resultados da pesatuisa serão apresentados.
De 18 a 21 de outubro de 2024, Manaus será sede do Primeiro Encontro do Projeto Amazônia Revelada no MUSA – Museu da Amazônia. O evento reunirá grandes nomes da Arqueologia Amazônica, além de representantes e pesquisadores dos Povos da Floresta – indígenas, membros de comunidades tradicionais e quilombolas, para apresentar os primeiros resultados das pesquisas do projeto. O Amazônia Revelada utiliza a tecnologia LiDAR em sobrevoos sobre a floresta para identificar sítios arqueológicos compostos por estradas, valas, elevações artificiais de terra, dentre outras possibilidades, mas que estão escondidos sob a densa vegetação amazônica. Ao mesmo tempo, levantamentos realizados por pesquisadores locais pertencentes aos povos indígenas e tradicionais contribuem para demonstrar a ampla gama de patrimônio arqueológico e cultural nesses territórios, cujas florestas são historicamente manejadas. Assim o projeto busca mapear e registrar junto aos órgãos competentes o patrimônio biocultural presente nessas áreas.
Protegidos pela legislação brasileira (Lei 3924/1961), os sítios arqueológicos são insubstituíveis e essenciais para a preservação cultural e ambiental da Amazônia.
“Queremos registrar esses sítios arqueológicos para patrimonializar e criar uma camada adicional de proteção à esses territórios”, afirma Eduardo Neves.“
O evento marca a apresentação dos primeiros resultados das investigações nos estados do Acre, Rondônia, Pará e sul do Amazonas, epicentros do desmatamento na Amazônia. O encontro também discutirá os próximos passos do projeto a partir das demandas de quem vive nos territórios tradicionais mapeados pela pesquisa, dos parceiros e integrantes do Amazônia Revelada.
Os pesquisadores vão apresentar revelações inéditas da arqueologia em áreas estratégicas para o equilíbrio climático que estão sob fortes ameaças pelo avanço da grilagem e desmatamento, das monoculturas, de projetos de infraestrutura. Estamos diante de um choque de mundos. Novas provas e registros da ocupação de povos originários evidenciam modos de vida que construíram a Amazônia ao longo dos últimos 12 mil anos de modo a manter a floresta em pé.
Entre os principais achados, estão feições topográficas e cerâmicas no Morro do Anfrisio, novos geoglifos na Amazônia, e redes de trocas culturais entre grupos antigos, reforçando a interconectividade na região.
Informações que podem contribuir na gestão dos territórios, formulação de políticas públicas, demandas aos órgãos de registro e fiscalização dos sítios arqueológicos e um novo capítulo da arqueologia na Amazônia e no Brasil serão apresentadas e debatidas.
O evento em Manaus abordará o papel desses sítios na preservação da floresta e nas políticas de proteção do patrimônio cultural da região.
O projeto, idealizado e coordenado por Eduardo Neves (MAE/USP), Cristiana Barreto (Museu Goeldi e USP), Carlos Augusto da Silva (UFAM), Bruna Rocha (UFOPA) e Filippo Stampanoni (MUSA), e Morgan Schmidt (UFSC) conta com o apoio de instituições como a National Geographic, Instituto Arapyau, MapBiomas, ISA – Instituto Socioambiental e o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
O primeiro encontro do projeto Amazônia Revelada contará com uma programação diversificada, incluindo uma parte destinada a pesquisadores convidados, que participarão de palestras, debates e grupos de trabalho voltados para o avanço das pesquisas sobre o patrimônio arqueológico e cultural da Amazônia. Além disso, parte da programação será aberta ao público, com a inauguração de duas exposições e o lançamento de um livro, proporcionando à comunidade uma oportunidade de imersão nas descobertas e discussões científicas sobre a região.
Lançamento de livro
Durante o encontro do Amazônia Revelada será lançado o livro “Política patrimonial e política indigenista: a proteção jurídica aos lugares sagrados e sepultamentos indígenas”, de Bruna Rocha e Rodrigo Oliveira. Doutora em arqueologia e professora da Universidade Federal do Oeste do Pará, Bruna Rocha tem grande experiência em pesquisas na região do Tapajós junto aos povos indígenas e ribeirinhos, pensando a ciência arqueológica junto com os moradores, como instrumento de proteção dos rios, das florestas e dos territórios. Jurista, mestre em direitos humanos e doutorando pela Universidade de Brasília, Rodrigo Oliveira pesquisa a proteção de lugares sagrados de povos indígenas do ponto de vista do direito e em conexão com a arqueologia.
No livro, os pesquisadores trazem uma contribuição inédita para o necessário debate sobre o respeito aos costumes, crenças e tradições dos povos indígenas e a efetivação de direitos consagrados na Constituição brasileira, promovendo um diálogo rico entre o Direito e a Arqueologia. O volume rememora casos importantes de destruição de lugares sagrados e a luta indígena contra essa violência e analisa instrumentos, procedimentos e práticas que podem garantir a não repetição dessas violações.
O lançamento vai ocorrer no dia 18/10 , às 20h, na Banca Largo São Sebastião (R. José Clemente, 573 – Centro, Manaus), com mediação da jornalista e antropóloga Helena Palmquist.
MUSA inaugura duas novas exposições sobre arqueologia amazônica.
O Museu da Amazônia (MUSA) inaugura no dia 18 de outubro duas novas exposições em seu recém-criado espaço dedicado à Arqueologia. As exposições exploram o rico patrimônio arqueológico da Amazônia e as pesquisas inovadoras que estão sendo realizadas para preservá-lo.
Exposição de longa duração: “Arqueologia da Floresta”
A exposição “Arqueologia da Floresta” convida o público a mergulhar na história ancestral da Amazônia, desde os vestígios indígenas mais antigos, datados de mais de 12 mil anos, até as transformações trazidas pela colonização e a história recente da floresta. A mostra revela como é feita a pesquisa arqueológica, passando pelas escavações e o tratamento das peças no museu.
Destaques da exposição:
Oito vitrines com artefatos indígenas antigos, como instrumentos de pedra lascada e polida. Cerâmicas decoradas de diversas tradições culturais.
Peças históricas como azulejos e garrafas de grès.
Esses itens são parte do acervo do próprio museu, proporcionando uma visão abrangente sobre o legado cultural da floresta e os povos que a habitavam.
Exposição: “Amazônia Revelada: mapeando legados culturais”
A exposição “Amazônia Revelada” apresenta os resultados iniciais de um projeto inovador que utiliza a tecnologia LiDAR para mapear sítios arqueológicos em áreas ameaçadas pelo desmatamento. Com 20 painéis explicativos, a mostra destaca a importância da colaboração com comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, respeitando seus direitos à preservação e gestão dos patrimônios culturais.
Ambas as exposições fazem parte do projeto Amazônia Revelada, financiado pela National Geographic Society, que busca, além da preservação arqueológica, o fortalecimento de instituições amazônicas.
Informações gerais
Abertura ao público: a partir do dia 18/10, após 12h.
Funcionamento: diariamente (exceto quartas-feiras, quando ocorre manutenção) das 8h30 às 17h. A entrada é permitida até às 16h.
Localização
Endereço: Avenida Margarita, 6305 (antiga Avenida Uirapuru), Jorge Teixeira – Manaus, AM, Brasil, CEP 69088-265. Ingressos
Valor: R$ 40.
Desconto de 50% (mediante comprovação) para moradores de Manaus, idosos brasileiros acima de 60 anos, estudantes, professores e acompanhantes de pessoas com deficiência.
Promoção especial para manauaras: todo sábado e domingo, moradores de Manaus pagam R$ 10,00 (mediante apresentação de documento de identidade ou comprovante de residência).
Gratuidade para crianças até 5 anos, membros de comunidades tradicionais amazônicas, pessoas com deficiência e grupos de instituições públicas mediante agendamento.
Venha conhecer e se encantar com a riqueza cultural e histórica da Amazônia, revelada através de séculos de história e inovação tecnológica.