Organizada pelo Banzeiro Cultural de Formação, iniciativa do Comitê de Cultura do Amazonas (CECAM), a oficina é a primeira de várias capacitações técnicas programadas ao longo do ano
Como fazer um bom portfólio para concorrer aos editais de cultura? Artistas, produtores e trabalhadores da cultura do Amazonas aprenderam as etapas deste processo durante a Oficina de Elaboração de Portfólios, realizada nesta terça-feira (10/09), em Manaus, pelo Banzeiro Cultural de Formação, uma iniciativa do Comitê de Cultura do Amazonas (CECAM). O objetivo é dar formação técnica à classe artística com foco na Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do Ministério da Cultura (Minc).
Ministrada no Palacete Provincial pela produtora cultural, artística e técnica Cacau Calderaro, a Oficina de Elaboração de Portfólios foi um momento de aprendizado e troca de conhecimentos sobre o passo a passo para elaborar um bom portfólio e a importância da ferramenta para a carreira artística e, claro, disputar editais de cultura – sejam eles municipais, estaduais ou federais. A previsão é que outras capacitações sejam realizadas longo do ano.
“O portfólio é um documento que contextualiza as atividades do artista e produtor cultural na sua trajetória, comprovando a atuação dele na área que está se propondo a concorrer nos editais. É de suma importância porque ele acompanha a história de vida do artista”, explica Cacau Calderaro.
Segundo a multiplicadora de cultura do CECAM, o principal desafio nos portfólios é o artista saber vender e divulgar o próprio trabalho. “Precisa estar sempre atualizado e direcionado ao edital que a pessoa vai disputar, com fotos, matérias de jornal, datas e coisas concretas. O artista precisa se compreender enquanto empreendedor e se colocar nesse lugar de saber falar de si mesmo com carinho pela sua história”, reforçou Cacau Calderaro.
A cantora Vanessa Witch, integrante de corais de música popular brasileira em Manaus, agradeceu a oportunidade de aprender como fazer portfólio durante a oficina do Banzeiro Cultural de Formação. “Eu já queria formar um portfólio, mas não fazia ideia como. Fiquei planejando como fazer, algo meio sem pé nem cabeça. Aí postaram no grupo do sindicato dos músicos sobre a oficina e senti no meu coração que deveria vir”, explica.
“Quando a palestrante começou a falar parece que saiu uma escama dos meus olhos, entendi o que é preciso fazer. Sou parda, tenho cabelo afro e como artista amazonense é sempre mais difícil. Agora, vou ser a minha própria empresária, chegar em casa e reunir todos os registros da minha trajetória de artista, elaborar o meu portfólio. Quero ser uma artista solo e poder cantar para uma multidão”, afirma Vanessa Witch.
O fotógrafo e produtor cultural Michell Mello desenvolve atividades de arte e fotografia para crianças e adolescentes de comunidades ribeirinhas na Amazônia. Para ele, o aprendizado na produção cultural precisa ser constante. “Conhecimento nunca é suficiente. É preciso estar se reciclando, aprendendo, prestigiando outros colegas e fazendo networking. Muita gente acha que já fez um curso de portfólio e pronto. Não, a tecnologia avança, as plataformas mudam. Aprender nunca é demais”, diz.
Segundo o coordenador do CECAM, Marcos Rodrigues, o Banzeiro Cultural de Formação vai realizar mais oficinas técnicas e em outras áreas da cidade de Manaus. “A ideia é, a partir dos multiplicadores de cultura selecionados pelo CECAM, justamente multiplicar os conhecimentos sobre as políticas culturais pela cidade, trabalhando na formação, capacitação e mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras da cultura, tanto para a PNAB (Aldir Blanc) como outros editais pelo sistema Minc”, disse.
Atualização de cadastros culturais na SEC
Durante a oficina, um stand digital com computadores e acesso à internet foi disponibilizado aos participantes para a realização de diversas atividades de apoio técnico cultural, dentre elas a Atualização do Cadastro da Cultura junto à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC), o banco de dados dos artistas e produtores culturais do Amazonas. A ferramenta é um pré-requisito para participar dos editais culturais estaduais e federais, como a própria PNAB (Aldir Blanc).
“O cadastro estadual da cultura é uma ferramenta implantada desde a época da pandemia, inicialmente para mapear quem pudesse participar dos editais na época de emergência de saúde”, explica Gabriel Galúcio, da Comissão do Cadastro Estadual de Cultural da SEC. “Hoje, é usado para identificar e organizar os artistas e oferecer os editais de forma sistematizada e direcionada. Hoje, com a Lei Paulo Gustavo, os artistas só podem participar dos editais se estiverem cadastrados e atualizados na nossa plataforma. É importante que os artistas acessem a plataforma e atualizem seus dados”, reforça.
Consultoria em projetos culturais
Além disso, o stand digital também ofereceu aos participantes o agendamento para consultorias presenciais de elaboração de projetos culturais junto ao Comitê de Cultura (CECAM). O serviço é gratuito para todos e serve para dar apoio técnico e personalizado aos artistas e trabalhadores da cultura que têm dúvidas sobre como elaborar seus projetos, portfólios, orçamentos ou qualquer outra etapa para concorrer aos editais de cultura.
Disponíveis de segunda à sexta-feira em diversos horários, as consultorias podem ser agendadas via link na internet (https://minhaagendavirtual.com.br/cecam) para quatro endereços, em Manaus, nos bairros Cachoeirinha, Adrianópolis, Centro ou Novo Aleixo.
“O atendimento é para aquela pessoa que tem uma dúvida sobre como elaborar um projeto, ou tem uma ideia, mas não sabe colocar isso no papel”, explica o assessor de projetos do CECAM, André Guimarães. “Estará disponível durante todo o período que a PNAB estiver aberta. Agenda através do link no Instagram @comiteculturaam, escolhe o dia, horário, local e a pessoa por quem quer ser atendida. Um atendimento individualizado”.
Comitê de Cultura do AM
O Comitê de Cultura do Amazonas (CECAM) é formado por duas organizações, o Instituto de Articulação de Juventude do Amazonas (Iaja), de Manaus, e a Associação de Mulheres Pérolas de Tabatinga, município localizado na tríplice fronteira, selecionadas pelo Ministério da Cultura através do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC). O objetivo é ampliar e fortalecer a participação popular no acesso às políticas públicas de cultura.