Os Caminhos da Saúde

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Os Caminhos da Saúde

Não sei o que está acontecendo com esse modelo assistencial de saúde. Uma insatisfação total em todos os níveis. Presenciei diversas queixas, diariamente, no balcão da minha farmácia, no exercício da atenção farmacêutica. Chega-se ao absurdo das pessoas procurarem cápsulas de creolina, de querosene, de óleo de cobra, pílulas do mato, cápsulas de barro e tantas outras, substâncias que não fazem parte do arsenal terapêutico mundial.

Que descrença será essa? Inicialmente, pelo lado médico, o nº. 1 da equipe multiprofissional da saúde: ausência do profissional, atrasos do mesmo, falta de atenção nas consultas, prescrições erradas e receituários com letras ilegíveis, longas filas, e depois de 60 a 90 dias para ser atendido, vem a falta de dinheiro para compra do medicamento, porque prescrevem o que não tem no serviço público e não cumprem a Lei do Genérico, medicamentos com preços mais baixos e iguais aos produtos multinacionais. Antigamente, a presença do médico já irradiava vida. A vida, o afeto, circulava continuamente nas relações que ligavam os médicos aqueles que o procuravam. Vamos em busca da humanização perdida.

Pelo lado farmacêutico, em relação aos medicamentos, é assustador. Os medicamentos lançados hoje no mercado consumidor mundial, como uma substância inovadora e que realmente funcionava, de repente são banidos das farmácias porque os efeitos colaterais superam seus benefícios e eles precisam ser tirados do mercado. Além da ausência do farmacêutico na maioria das drogarias, perdendo assim a população, um contato ou uma orientação correta na atenção farmacêutica, que deveria ser mais prestigiada como a primeira porta aberta do Sistema Único de Saúde (SUS).

Toda esta pressão social gera modificações profundas e continuadas nos problemas fisiológicos, desembocando em quadros patológicos complexos e de difícil prevenção ou cura. A ansiedade, a angústia, o medo, a pressa, a necessidade de ganhar a qualquer custo, têm como consequência a deficiência dos elementos fundamentais de manutenção da saúde, como minerais e vitaminas. Do mesmo modo, a longevidade em nosso país é um fenômeno crescente, com todos os seus prós e contras.

Temos de fazer mudanças radicais nesse sistema de saúde. São inúmeras as doenças e enfermidades que aparecem após certos períodos da vida e que estão nitidamente ligados às dietas, ao estresse associado à estafa do dia a dia, ao sedentarismo e especialmente à falta de elementos vitais à preservação da saúde. Temos que levar para as comunidades mais saúde preventiva.

Qual é a razão dessa situação insatisfatória? Não resta dúvida de que o modelo atual está falhando. Mas a maior falha é da comunidade que não se une para reivindicar com firmeza, junto às autoridades constituídas. É necessário, não só o líder comunitário, mas diversas pessoas representativas, procurarem à imprensa e denunciar com clareza e firmeza os fatos acontecidos, exercendo assim o direito de cidadania que poucos brasileiros exercem. Acesso à saúde é um direito seu.

As maiores causas desses problemas citados acima, no meu conhecimento, são: a falta de uma política dos governos em aumentar a oferta de empregos, tendo como consequência a fome e as favelas, crescerem as vagas para a juventude nas escolas de educação continuada, onde se poderiam repassar as noções básicas de saúde. Esses contextos exercem uma influencia decisiva na forma de expressão das doenças e na busca de tratamento. “A medicina jamais teve a capacidade de fazer tanto pelos seres humanos como hoje”.

Um compromisso que deve ser admitido pelas autoridades para a melhoria da gestão na saúde é a contratação de mais profissionais da área, melhores salários, incluindo aí gratificações extras pela excelência do trabalho executado, qualificação profissional, além de uma remuneração condizente para os cargos mais graduados, como também uma supervisão precisa na execução de todas as atividades relativas à área de saúde. Todos os problemas relatados são constatados, tanto nas capitais, como no interior dos estados (municípios). O financiamento público insuficiente está comprometendo o processo de construção do Sistema Único de Saúde – (SUS) e colocando em risco a viabilidade das políticas de gestão e atenção à saúde, pois nossa política de saúde é com acesso universal o que agrava muito mais o desfinanciamento da saúde.

Para encerrar, indago: por que só Manaus ainda não aderiu à municipalização plena? Seria melhor ou pior?

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Redação
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