O Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) é um instrumento fundamental para a valorização dos servidores públicos, pois estabelece critérios de progressão, promoção e remuneração com base no mérito, qualificação e tempo de serviço. Na teoria, ele garante ao servidor a perspectiva de crescimento e reconhecimento ao longo da carreira. No entanto, na prática, muitos trabalhadores do setor público enfrentam um cenário de descaso, e o Estado do Amazonas é um dos exemplos mais evidentes dessa realidade.
Nos últimos anos, servidores de diversas áreas no Amazonas — como educação, segurança, administração e, de forma muito preocupante, a saúde pública — vêm cobrando o cumprimento e a atualização de seus respectivos PCCRs. As promessas de revisão e implementação dos planos têm sido constantes, mas as ações efetivas, infelizmente, continuam escassas.
No setor da saúde, a situação é ainda mais delicada. Profissionais como enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos e agentes comunitários de saúde lidam diariamente com uma rotina desgastante, especialmente em um estado com desafios logísticos e de acesso como o Amazonas. Mesmo assim, muitos desses trabalhadores continuam sem uma política de valorização adequada, com PCCRs desatualizados ou sequer implementados de forma justa e integral.
Essa falta de reconhecimento impacta diretamente na qualidade do atendimento prestado à população. É difícil exigir excelência de profissionais que estão sobrecarregados, mal remunerados e sem perspectivas de crescimento na carreira. Além disso, a falta de atualização no PCCR da saúde contribui para a evasão de profissionais qualificados, que acabam migrando para outras regiões ou para o setor privado em busca de melhores condições de trabalho.
O argumento mais comum usado pelo governo para justificar esses atrasos é a limitação orçamentária. No entanto, é importante lembrar que o PCCR não é um benefício extra, e sim um direito garantido por lei, fruto de negociações e de lutas históricas das categorias. Deixá-lo em segundo plano é desrespeitar os servidores e, por consequência, toda a sociedade que depende de um serviço público eficiente.
No Amazonas, sindicatos e entidades representativas da saúde têm reforçado a necessidade urgente de ações concretas. A valorização do servidor deve ser prioridade para qualquer gestão que deseje oferecer à população um atendimento de saúde mais digno e de qualidade.
Portanto, é fundamental que o Governo apresente um cronograma realista e cumpra os compromissos firmados, especialmente com os profissionais da saúde, que estão na linha de frente dos serviços essenciais. O diálogo é importante, mas só será efetivo se vier acompanhado de medidas práticas, respeito aos prazos e vontade política.
Enquanto isso, a sociedade também precisa reconhecer que lutar pela valorização dos servidores públicos é lutar por serviços públicos melhores para todos. Afinal, quando o servidor é valorizado, quem ganha é toda a população.
Adriano Sobral
Bach. em Administração e Contabilidade
Pós Graduado em Gestão Pública